Wednesday, January 24, 2007

da tristeza e do resto

Da tristeza e do resto…..

Vou falar da tristeza em geral, a pedido da minha psy. Para mim a tristeza é sentir-me mal comigo, sentir-me apagado, como uma lágrima quase a correr pela face, contida, e isso é mau.
Consigo estar assim quase a chorar, com aquele nó na alma que quer sair, e que eu não deixo que saia, por medo.
Sou de choro fácil, quando estou só, depressivo ouso dizer, porque tudo me entristece, principalmente quando não percebo, ou não quero perceber, certos porquês.
Sou assim, de difíceis afectos, de medos incontornáveis, de fugas marginais, de nada poder ser sem o meu controle.
Mas para mim tristeza é perda. Emocional ou não, é como diz a canção, ter o que queres e não o que precisas. Ou perder alguma coisa que não posso recuperar. Ou ainda, mascarar as emoções de agressividades gratuitas, cortes profundos que sangram sem sangrar, e que me fazem doer por dentro, aqui no meio do peito.
É ser eu sem querer ser eu, e encharcar-me nas substâncias acessíveis de consumos variados, de fumos e líquidos que nos bloqueiam a alma, nos dispersam os afectos e magoam muito os que amamos, e muito mais a mim.
Tristeza é amar sem ser amado, é correr sem meta nem destino, na procura incansável de nada, porque gostar dói e eu tenho medo disso, de me magoar e acabo sempre por me magoar ainda mais, nesta minha procura de AMOR, porque tenho medo de amar sem condições, quando se ama, partilha-se e tem que se dar para se receber, e isso mete-me medo também.
Tristeza é querer dar e não poder, querer receber e não ter quem nos dê. È ser uma rocha que pensa, que é dura no aspecto, mas frágil para quem a sabe cortar, e tem os utensílios para isso.
E é assim triste que percorro a minha vida de dolorosas emoções, e me vou defendendo, magoando os outros, para repartir esta dor que é a tristeza que se acomodou aqui no meu peito e não consigo ou não quero expulsar de mim.
Tristeza é afecto também, ou não? Tristeza é passar por uma ex. e não falar porque nada ficou para se falar, é cortar as raízes da comunicação, fechar portas que se querem abertas e não saber mantê-las abertas, e ver a vida a esvair-se no tic tac do tempo, e ver que se está a ficar obsoleto, ou como diz outro poeta, que cortaram as veias dos pulsos 3 vezes em sucessão e sem sucesso, por isso foram obrigados a abrir lojas de antiguidades onde viram que estavam a ficar velhos e choraram.
Tristeza é choro silencioso também, tão silencioso como a morte, mas que abre feridas, que nunca fecham, e que nos vão matando, lenta e dolorosamente, qual cancro emocional.
É não assumir o choro como parte da vida, e reprimir todas as emoções até ao desgaste de nós.
Tristeza sou eu aqui a escrever este triste texto sobre a minha triste existência, de sorriso triste estampado no rosto, como o choro dum palhaço de enorme sorriso pintado.
É criar inimigos quando se quer criar amigos, baralhar os afectos e deixar essa fina linha que separa o amor do ódio se desvanecer.
Tristeza é ser o que não se quer ser, e não querer mudar., é sentirmo-nos sós no meio duma multidão que partilha uma qualquer alegria colectiva, e não fazer parte disso.
Tristeza é querer amar e não saber como, ou amar e não saber que se ama. É ser amado sem saber disso, e deixar isso morrer derramado num liquido qualquer que nos embacia as emoções mas nos alegra de forma superficial.
Tristeza é ser agressivo quando se quer ser amoroso, ser infiel vil e mau quando nada disto faz sentido, é ser eu aqui e agora.

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